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Um copo de antimônio


Amostra de 2gramas de antimônio

Pequenos copos feitos com o metal antimônio eram populares na época de 1600, e eram utilizados como uma forma de eliminar doenças do corpo. A receita era simples, bastava deixar um pouco de vinho descansando durante a noite dentro deste copo, e então tomar uma certa quantidade do líquido no dia seguinte.

Por ser tóxico, o antimônio presente no vinho causava suor e vômitos, e acreditava-se que esta reação poderia ser uma forma de purgar as doenças. Tal efeito era talvez causado pela formação de tartarato de antimônio e potássio em uma reação do ácido tartárico presente no vinho com as paredes metálicas do recipiente.

Já a forma de um copo poderia ser uma forma de burlar as restrições ao uso de tratamentos a base de antimônio. Pois no período de 1560 a 1660, descrito como o ´Conflito do antimônio´ (Antimony war), existia uma disputa entre duas correntes da medicina, uma defendendo e outra criticando o uso de medicamentos contendo este metal. E tal conflito reunia diversos outros fatores e interesses, que iam além da constatação da eficácia ou toxicidade.

Outra forma de administrar o antimônio era por meio de pílulas metálicas, que eram engolidas com o objetivo de induzir a evacuação. E a história conta que a pílula poderia ser recuperada após a eliminação, lavada e guardada para um próximo uso. Este método podia ser repetido várias vezes e uma destas pílulas poderia ser passada de geração a geração.

Na medicina, substâncias a base de antimônio ainda encontram lugar em certos tratamentos, como por exemplo no combate à leishmaniose.

Texto escrito por luisholzle@unipampa.edu.br. Química (Licenciatura) – Universidade Federal do Pampa.