O Laboratório Nacional de Oak Ridge foi inaugurado com a missão de produzir plutônio para armas nucleares, mas, após a Segunda Guerra Mundial, encontrou uma nova vocação.
Em 1942, o presidente Roosevelt ordenou que o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA coordenasse a pesquisa sobre armas nucleares. A iniciativa que veio a ser conhecida como o Projeto Manhattan envolveu laboratórios nacionais em todo o país. Uma dessas instalações, Clinton Laboratories, encontrou um lar improvável no leste do Tennessee.
O leste do Tennessee não parecia um local propício para uma instalação relacionada à guerra: a região tinha poucos cientistas e nenhum equipamento de laboratório sofisticado. Mas tinha eletricidade barata e abundante graças à Tennessee Valley Authority, que vinha eletrificando a região desde 1933. O relativo isolamento da área também provou ser ideal para pesquisas super secretas.
Uma varredura nuclear óssea mostrando radioisótopos (destacado em vermelho-laranja) no local de uma fratura por compressão. (Fonte: Living Art Enterprises / Science Photo Library)
A construção começou em 1º de fevereiro de 1943 e, em 4 de novembro, o primeiro reator nuclear operacional do mundo tornou-se crítico. Conhecido como a pilha de Clinton, ou reator de grafite, foi projetado para bombardear o urânio-238 com nêutrons para produzir plutônio para o desenvolvimento de uma arma nuclear. E por fim, outras instalações foram construídas no trabalho piloto feito em Clinton Laboratories para produzir o plutônio usado na bomba atômica lançada sobre Nagasaki.
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, aparentemente a missão do Projeto Manhattan e suas instalações associadas teria sido cumprida. No início, não estava claro para que finalidade os Laboratórios Clinton serviriam em tempos de paz, mas os pesquisadores logo identificaram uma ferramenta para a medicina: os radioisótopos. Em 2 de agosto de 1946, Eugene Wigner, diretor do Clinton Laboratories, apresentou um pequeno recipiente de carbono-14 ao diretor do Hospital Barnard Free Skin and Cancer de St. Louis para pesquisas em estudos de câncer. Esses foram os primeiros isótopos de carbono-14 a serem produzidos para uso fora do Projeto Manhattan, e a apresentação de Wigner marcou o início do uso em tempo de paz da energia atômica.
Clinton Laboratories, que se tornou o Laboratório Nacional Oak Ridge (ORNL) em 1948, fez mais de 1.000 entregas de radioisótopos, principalmente de iodo-131, fósforo-32 e carbono-14, no primeiro ano de produção; em 1950, o número de remessas se aproximou a 20.000. Depois que o reator de grafite fechou em 1963, a produção passou para o reator de pesquisa de Oak Ridge, que produzia radioisótopos até 1987. Atualmente, a maioria dos radioisótopos são produzidos fora dos Estados Unidos, mas o ORNL continua produzindo isótopos especiais em seu reator isotópico de alto fluxo.
Os radioisótopos são usados em pesquisas agrícolas, controles industriais e até mesmo em detectores de fumaça domésticos. Mas suas aplicações na medicina nuclear são provavelmente as mais conhecidas. Quando os radioisótopos são injetados no corpo, a radiação emitida revela distúrbios na tireoide, coração, fígado, outros órgãos e ossos. Em alguns casos, a radiação é então usada para tratar órgãos doentes ou para encolher ou eliminar tumores.
O ORNL foi o local de produção de um dos subprodutos científicos mais importantes do Projeto Manhattan. Ao longo dos anos, radioisótopos de carbono, césio, cobalto e outros elementos foram usados na terapia do câncer. Outros isótopos, notadamente o tecnécio-99, têm uma infinidade de usos para diagnóstico por imagem. Anualmente, mais de 10 milhões de procedimentos de medicina nuclear são realizados e mais de 100 milhões de testes de medicina nuclear são realizados em americanos. Talvez até 100 tipos de radioisótopos sejam usados no diagnóstico ou na terapia. Embora tenha sido concebido para pesquisa de armas, o ORNL alcançou alturas muito maiores ao disponibilizar radioisótopos para pesquisas científicas que avançaram a saúde e a segurança de indivíduos em todo o mundo.
Texto escrito por Judah Ginsberg.
Traduzido por Prof. Dr. Luís Roberto Brudna Holzle ( luisbrudna@gmail.com – Universidade Federal do Pampa ) do original ‘Radioisotopes for Peace’ com autorização oficial dos detentores dos direitos. Revisado por: Natanna Antunes e Kelly Vargas.
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