Quando um elemento químico é descoberto, ou sintetizado, ocorre todo um processo de escolha do nome; com sugestões e debates sobre a viabilidade e adequação das propostas sugeridas.
Atualmente toda esta discussão é centralizada e controlada pela ‘União Internacional de Química Pura e Aplicada’ (International Union of Pure and Applied Chemistry, IUPAC).
No século 18 o químico francês Louis Nicolas Vauquelin estudava as diferenças existentes entre os minérios berilo e esmeralda. E então percebeu que a discrepância entre as duas gemas era a presença de crômio na esmeralda – e também que ambas continham semelhanças dando pistas de algo importante.
Vauquelin anunciou suas descobertas em 15 de fevereiro de 1798 na Academia de Ciências de Paris. E por uma sugestão do editor do periódico ‘Annales de Chimie et de Physique‘ tal substância presente em ambas gemas – na verdade um óxido de berílio – poderia ter o nome de ‘glucina’ por causa do característico sabor doce. Isso em referência à palavra grega γλυκυς (glukús) que significa ‘doce’.
Após alguma relutância e pressão dos colegas, o químico Vauquelin aceitou a proposta de batismo como ‘glucina’, incluindo a abreviação ‘Gl’ para o novo elemento.
O químico alemão Martin Heinrich Klaproth foi um dos críticos ao nome por perceber que a semelhança sonora com o já conhecido aminoácido glicina. Outros cientistas também ressaltaram que sais de ítrio também tinham sabor doce. E agora Vauquelin estava sob críticas de um nome que nem fora sua ideia.
Em junho de 1808 Sir Humphry Davy veio com a proposta de uso do termo ‘glucium’, mais tarde novamente modificado para ‘glucinium’ por ser mais sonoro. Martin Klaproth novamente alegou que a melhor opção seria usar ‘beryllia’ para batizar o óxido deste novo elemento químico. Esta proposta estava sustentada no nome do mineral de origem, o berilo.
Então finalmente o martelo foi batido em setembro de 1949 pela Comissão de Nomenclatura Inorgânica na 15º conferência da IUPAC; decretando oficialmente que o nome do elemento deveria ser berílio. Com alguma relutância da literatura francesa que por alguns anos continuou usando o termo ‘glucinium’.
Fonte: Fontani, Marco, Mariagrazia Costa, and Mary Virginia Orna. The Lost Elements: The Periodic Table’s Shadow Side. OUP USA, 2015.
Texto escrito por luisholzle@unipampa.edu.br. Química (Licenciatura) – Universidade Federal do Pampa.