Um grupo de cientistas russos e americanos anunciaram a criação do elemento químico de número atômico 117. Esta equipe reuniu pesquisadores do Joint Institute of Nuclear Research (Dubna, Russia), do Research Institute for Advanced Reactors (em Dimitrovgrad), Lawrence Livermore National Laboratory, Oak Ridge National Laboratory, Universidade Vanderbilt, e a Universidade de Nevada, em Las Vegas.
A equipe demonstrou a existência do elemento 117, pela observação dos padrões de degradação após bombardeios de um alvo de berquélio radioativo com íons de cálcio, no ciclotron U400 JINR, na cidade de Dubna.
“A descoberta do elemento 117 é o culminar de um percurso de uma década para expandir a tabela periódica, e escrever o próximo capítulo da pesquisa de elementos pesados”, disse o acadêmico Yuri Oganessian, líder científico do Laboratório Flerov de reações nucleares em JINR e porta-voz da colaboração.
“Este é um avanço significativo para a ciência”, disse o diretor George Miller da LLNL. “A descoberta de um novo elemento fornece novas idéias na composição do universo e é um testemunho da força da ciência e da tecnologia nas instituições parceiras.”
“Esta colaboração e a descoberta do elemento 117, demonstram a importância fundamental de cientistas de diferentes nações e instituições que trabalham em conjunto para resolver complexos desafios científicos”, acrescentou Thom Mason, diretor do ORNL.
A jornada experimental de dois anos, começou na High Flux Isotope Reactor em Oak Ridge, com uma irradiação de 250 dias para produzir 22 mg de berquélio. Este foi seguido por 90 dias de tratamento em Oak Ridge para separar e purificar o berquélio, uma preparação do alvo em Dimitrovgrad, 150 dias de bombardeios em um dos mais poderosos aceleradores de íons pesados, em Dubna; uma análise de dados em Livermore e Dubna, finalizada por uma avaliação e revisão dos resultados pela equipe. Todo o processo foi conduzido por 320 dias de meia-vida do material alvo, o berquélio.
O experimento produziu 6 átomos do elemento 117. Para cada átomo o grupo observou um decaimento alfa do elemento 117 para o 115, para o 113, e assim por diante até o núcleo se fissionar, dividindo-se em dois átomos mais leves. No total, 11 novos isótopos “ricos em nêutros” foram produzidos, levando os pesquisadores a estarem mais próximos de uma possível “ilha de estabilidade” dos elementos superpesados.
A ilha de estabilidade é um termo da física nuclear, que se refere à possível existência de uma região no limite da tabela periódica atual, onde novos elementos superpesados, com números especiais de prótons e nêutrons, que poderiam apresentam maior estabilidade. Essa ilha poderia ser uma extensão da tabela periódica, para uma faixa de elementos ainda mais pesados, que poderiam possuir vidas isotópica longas o suficiente para permitir experimentos químicos com o material.
Esta descoberta traz o total de seis novos elementos descobertos pela equipe de Dubna-Livermore (113, 114, 115, 116, 117 e 118, o elemento mais pesado até a data). Esta é a descoberta do segundo elemento novo para Oak Ridge (61 e 117). Além disso, os isótopos de Oak Ridge contribuíram para a descoberta de um total de sete novos elementos.
Desde 1940, 26 novos elementos além do urânio foram adicionados à tabela periódica.
Até o momento o elemento continua com o seu nome provisório “ununseptio“, que foi dado segundo os critérios de nomenclatura da IUPAC.
Para mais informações leia
https://www.eurekalert.org/news-releases/487350 (inglês, fonte deste texto)
https://www.estadao.com.br/ciencia/elemento-117-e-criado-pela-primeira-vez-em-laboratorio/ (português)
Veja o artigo original, que relata a descoberta, em:
Synthesis of a New Element with Atomic Number Z=117
Phys. Rev. Lett. 104, 142502
https://dx.doi.org/10.1103/PhysRevLett.104.142502
Atualização (outubro de 2019): Atualmente o elemento é conhecido como Tennesso.
Texto escrito por luisholzle@unipampa.edu.br. Química (Licenciatura) – Universidade Federal do Pampa.